A Grande Mãe

Sentimento Insinuante de Horror

Um agudo silvo de um escuro, mal iluminado e úmido beco.

Um candeeiro balança sobre a minha cabeça, enquanto eu estou amarrado a uma cadeira, cheio de incertezas.

Fiquei convencido da problemática questão de estar a ver demais, a ouvir em demasia, e a tentar ir para o lado inverso da realidade.

Insanidade, qual ruído de fundo, de acordes desafinados, vibrando numa viola com uma corda apenas.

A viola é dedilhada por uma pálida infanta que sangra das agora vazias órbitas oculares…

Está tudo em baixo, tudo o que tens está morto, foi assassinado pelo vislumbre da irrealidade, vista através de verdes janelas, ao som de uma caixa de música que, ritmada com a chuva que vibra nos vidros da janela, injeta estranheza familiar e te deixa num estado opiáceo, semi-afogado em inconsciência, com tempo, antes de me passar para o outro lado, de vos desejar uma prazerosa morte, pedindo aos anjos caídos que vos concedam um certo e seguro exílio no esquecimento coletivo daqueles que vos amaram enquanto vivos.

Respira e ascende, suavemente.
Respira e ascende, vagarosamente.

Sente-a a palmilhar as tuas veias, a sedar tudo o que tocas…

Respira e ascende, suavemente…
Respira e ascende, vagarosamente…
Retorna ao regaço da Grande Mãe.
Retorna ao regaço da Grande Mãe.

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